Pode ser estranho (ou tolo até) Pôr-me de frente para o mar a pensar nesse teu ser de planalto lá onde os olhos se perdem no horizonte e onde nascem freixos fortes amparados na bravura dos que os mantêm
Pode ser estranho (Ou tolo até) mas, tudo o que trago no olhar
é onde te vejo
Pode ser tolo (Ou estranho até) Mas é neste azul
que vejo a paz que me pintaste no horizonte (e só os pacíficos intranquilos se aventuram) e é neste azul dourado onde viaja o calor do teu carinho
que cabem todas as minhas lágrimas
sempre que as há
(Não é tolo e tu sabes bem) Só nos olhos de quem sonha se pode fazer crescer mais um sonho Só nos olhos de quem pensa se pode desenvolver o pensar Só nos olhos de quem arrisca se aprende a ganhar coragem
Pode ser tolo (ou estranho até) para ti que te vês de frágil e eu que te vejo de força para ti que te vês pequena e eu que te vejo imensa para ti que te vês medrosa e eu que te vejo capaz
Descobri-te! (por esta não contavas tu) Atrás dessa cortina que trazes (ou que o mundo te foi pondo) ainda estão os sonhos ainda te sei as vontades ainda nascem desafios ainda medram vitórias
Ensinaste-me a dar graças com essa bondade natural sem maquilhagem de altruísmo forçado onde só olhos de brilho (aqueles que nunca perderam a verdade de ver além) te encontram nesse sentido tão puro
Ensinaste-me a cantar e a querer inventar mais canções Sorriste de volta em cada nota desafinada e em cada história desencantada (lá onde os sorrisos validam o ser)
Há reflexos teus na ondulação nessa doçura da irregularidade (superfícies planas magoam-me os olhos) E tu (sim tu não vires a cara!) fazes-me amar a imperfeição
Parece estranho (ou muito tolo até) mas é nessa verdade
que aprendo a amar os precalços
e a não apedrejar o futuro É onde se mostram os dentes e se sabe voltar a sorrir é onde se permite o ódio