Minha Camila, que me nasceste na existência que só agora conheço
Parei várias vezes no bloco de notas vazio e de todas essas vezes nem uma linha. Desde que nasceste, quis escrever-te em prosa ou poesia. Quis dar-te frases cheias de significantes mas, teimosamente, frente à caneta e às folhas estão os teus olhos
as tuas mãos de veludo
a tua boca em beicinho
e os teus pés sempre a mexer.
Colada à poesia estás toda tu
e toda eu sou prolongamento de um ser que conheceu a imortalidade de um verso vivo
E os dias são unos na paz e no espírito que de sagrado têm o inquestionável sentido do amor.
A palavra és tu.
E a natureza está completa e soa no nosso sentir
enquanto os pássaros, as cascatas, os gatos, as rochas, os poetas, os homens e até aqueles que te amam através da memória que lhes tenho
te cantam canções de embalar
e te orientam no caminho que é só teu.